ENTREMURALHAS 2016

ENTREMURALHAS 2016 – 25, 26 & 27 AGOSTO – CASTELO DE LEIRIA – PORTUGAL

27 AGOSTO: VIVE LA FÊTE | KITE | CORPO-MENTE | IANVA | GEOMETRIC VISION | HAR BELEX
26 AGOSTO: DIE KRUPPS | FRUSTRATION | SEX GANG CHILDREN | KING DUDE | DARK DOOR | ANGELIC FOE
25 AGOSTO:  GRAUSAME TÖCHTER | KARIN PARK | SILENT RUNNERS

27 AGOSTO

27 Agosto - 01h30 - Palco Corpo

EIS OS MESTRES DA “CHANSON” SEXY, TRASHY, GLAMOUROSA E ESTILIZADA…

Os belgas VIVE LA FÊTE formaram-se em 1997 quando o então baixista dos dEUS, Danny Mommens (guitarra) e a ex-modelo Els Pynoo (voz) se conheceram e apaixonaram. Mais tarde juntaram-se ao casal, Roel Van Espen (teclas), Ben Brunin (baixo) e Gino Geudens (bateria). Será este quinteto que subirá ao Palco Corpo do ENTREMURALHAS para encerrar em grande estilo a sua sétima edição. Os VIVE LA FÊTE fundem, como ninguém, o electro e o synthpop com o rock, conferindo a esta mistura, e de forma irrepreensivelmente distintiva, um cunho sexy, estilizado, “trashy”, glamouroso e sofisticado. O resultado desta osmose estética talvez tenha sido potenciado pela assumida devoção que Mommens e Pynoo assumiram, desde sempre, por Sérge Gainsbourg, o rei da “chanson” excessiva e decadente, e simultaneamente, supra-sumo da eloquência e da narrativa sensual, algo que, manifestamente, também encontramos, claramente, no universo da banda. E talvez tenha sido esta exuberante dicotomia (acompanhada sempre por um componente visual marcante) que, em 2002, chamou a atenção do mítico e reputado designer de moda Karl Lagerfeld. Estavam assim abertas as portas para que os VIVE LA FÊTE começassem, desde logo, a ser recrutados para musicar marcas como a Chanel, Yves Saint Laurent ou Doce & Gabbana em desfiles de moda que os levou a Berlim, Paris, Milão, Mónaco, Nova-Iorque, Las Vegas ou Tóquio. Mas não foi só a (excelente!) música produzida em estúdio que fez com que a reputação dos VIVE LA FÊTE se consolidasse. Para isso muito contribuíram as suas incendiárias e bem sucedidas prestações ao vivo que os levou a brilhar em palcos de festivais tão importantes como Benecàssim, Lowlands ou Roskilde [confirmem, por favor, no final deste texto, clicando no link “Noir Désir (live at Benecàssim)” e vejam até ao fim – repetimos – até ao fim, o vídeo que sugerimos]. A música dos VIVE LA FÊTE tem um território personalizado e facilmente identificável, sobretudo devido à voz muito característica de Pynoo, às vezes falsamente frágil e “childish” e noutras selvaticamente “punkish”. Mas uma das maiores particularidades da banda é o facto da sua sonoridade atrair pessoas oriundas de territórios estéticos múltiplos (dos fãs dos The Cure aos Joy Division, de Ladytron a Kap Bambino, de Peaches a Tying Tiffany e, obviamente, de Sérge Gainsbourg a Blondie) o que confere uma transversalidade notável à sua base de fiéis seguidores. Para além dos nove álbuns editados até à data (com referência obrigatória e destaque natural para os emblemáticos “Nuit Blanche” de 2003, “Grand Prix” de 2005 e “Product de Belgique” de 2012) tanto podemos encontrar músicas dos VIVE LA FÊTE em álbuns onde estão Goose, Hooverphonic, dEUS (pois claro!), Zita Swoon, X-Mal Deutschland ou Absolute Body Control como em discos onde também constam Nitzer Ebb, Iamx, Die Krupps, Skinny Puppy ou Covenant. Este (simples) facto revela bem quanta amplitude tem o alcance da música da banda. Aliás, dado insofismável que facilmente concluímos quando nos dedicamos à audição de hits como “Noir Désir”, “Maquillage”, “Tokyo”, “Exactament”, “Ne Touche Pas”, “La Verité”, “Nuit Blanche” ou o magistral “La Route” – provavelmente, um dos mais perfeitos, empolgantes e siderais temas românticos da história da música (e que, estranhamente, tem permanecido na “obscuridade”). Por tudo isto e muito mais se espera um “grand finale” de ENTREMURALHAS 2016. Prontos para a festa? Vamos a isso!

. NOIR DÉSIR (LIVE AT BENECÀSSIM) .
. NOIR DÉSIR .
. MAQUILLAGE .
. EXACTEMENT .
. NUIT BLANCHE .
. LA DÉCADENSE .
. LA VERITÉ (LIVE) – select best view: 1080p HD .

27 Agosto - 00h00 - Palco Corpo 
- ESTREIA EM PORTUGAL -

A SYNTHPOP FEITICEIRA NUM HÍBRIDO DE TREVA E LUZ SIMULTANEAMENTE DANÇÁVEL E CONTEMPLATIVA”

Há muitos anos que a FADE IN andava atenta à carreira dos suecos KITE. A cada edição sua aumentava a vontade de os fazer figurar entre os eleitos do já vasto e selectivo currículo da entidade que dá corpo ao singular festival ENTREMURALHAS. Ao fim do sexto disco editado chegou, finalmente, o momento. O ENTREMURALHAS 2016 assinalará a estreia ao vivo dos KITE em Portugal. Fundados em Malmo em 2008 por Nicklas Stenemo (voz e teclas) e por Christian Berg (teclas), os KITE cedo se destacaram na cena synthpop europeia sobretudo devido à voz muito peculiar e particular do seu vocalista e também mercê de uma estética que revitalizava uma certa costela do europop dos anos 80 (olá Alphaville, olá OMD, olá Yazoo, olá Erasure…) mas onde se evidenciava sempre um “je ne sais quoi” que lhes conferia distinção. A banda nunca se confinou e nos seis EPs (todos vinis de tiragens muito limitadas) que editou até agora (os KITE recusam-se a editar álbuns) houve uma espécie de metamorfose evolutiva, embora nunca tenham perdido o seu som de marca, ou não fosse a referida voz e os arranjos spacey elementos transversais a toda a sua obra. Os KITE fazem hoje uma espécie de synthpop feiticeiro mercê de uma voz (sim, outra vez a referência à voz!) de tonalidade andrógina que paira em canções ora de ritmos retro ora de ritmos modernos, com arranjos luminosos ou nebulosos, de melodias místicas e evocativas. Muitos dos seus temas são dançáveis, mas também podemos encontrar alguns de âmago contemplativo. Por exemplo, o mais recente disco abre com o épico “Up For Life”, uma peça com quase nove minutos que nos remete para um universo onde cabem Vangelis e Kraftwerk. Os dois músicos dos KITE trazem acumuladas experiências noutras bandas. Stenemo também pertence aos Melody Club (banda de grande sucesso na cena indie escandinava e nalguns locais mais atentos por essa Europa fora – por exemplo, o tema “Electric” teve grande rodagem nos primeiros anos das Unknown Pleasure Nights – as famosas noites com curadoria da FADE IN que acontecem no Beat Club, em Leiria) e Berg pertenceu aos Strip Music e Yvonne, duas das bandas de Henric de la Cour – uma das “estrelas” do underground nórdico. De resto as colaborações destes músicos sucedem-se num circuito que inclui também os Agent Side Grinder (que brilhante concerto assinalaram no ENTREMURALHAS 2015) e outra das mais emergentes figuras da cena escandinava: Nicole Sabouné [com quem os dois elementos dos KITE – acompanhados por Thobias Eidevald, precisamente dos Agent Side Grinder – têm os Dreamweapon (cujo projecto editou um 7” com soberbas versões de “Body Electric” dos Sisters Of Mercy” e de “Winning” dos The Sound)]. Os KITE chegam a Portugal num momento em que gozam de um grande estatuto no seu país. A sua mais recente digressão teve todas as salas com lotação esgotada e os seus espectáculos foram reportados pela imprensa como intensos e visualmente muito ricos, referindo os KITE como uma das experiências ao vivo a não perder. O Palco Corpo do ENTREMURALHAS 2016 espera-os!

. TRUE COLOURS .
. DANCE AGAIN .
. WAY TO DANCE .
. I GIVE YOU THE MORNING .
. UP FOR LIFE (LIVE) .
. STEP FORWARD .

27 Agosto - 22h30 - Palco Alma
- ESTREIA EM PORTUGAL -

"TRIP-HOP SOMBRIO E OPERÁTICO NUM QUINTETO LIDERADO PELO SEMPRE INVENTIVO GAUTIER SERRE (IGORRR / ÖXXÖ XÖÖX)" 

Gautier Serre e Laure Le Prunenec, a dupla que (acompanhada pelo “tenebroso” Laurent Lunoir) proporcionou um concerto absolutamente avassalador na edição do ENTREMURALHAS 2015 – à conta de Igorrr, uma exótica e explosiva mistura de breakcore, black-metal, drum’n’bass e ópera – volta ao Castelo de Leiria integrando o quinteto CORPO-MENTE. Desta vez, estes geniais performers/músicos/provocadores visitam-nos não para reincidir no agitar das entranhas de todos os que presenciaram a sua exuberante actuação no Palco Corpo, mas para nos levar (ainda) mais próximos do céu, naquela que se espera ser uma das actuações mais soberbas que o Palco Alma algumas vez acolheu. Os CORPO-MENTE são mais uma das diatribes criativas de Gautier Serre, esse génio musical e esteticamente inventivo, que não consegue confinar a sua arte aos já de si vanguardistas e mencionados Igorrr ou aos não menos singulares mas mais obcuros Öxxö Xööx. Serre (guitarra e electrónica) volta a ter nos CORPO-MENTE a voz da esteta e elegante Laure Le Prunenec (ela que recentemente lançou o disco do seu projecto Rïcïnn – e se há seres de timbre sobredotado este é, indiscutivelmente, um deles!) recrutando para o seu seio mais três músicos tecnicamente muito evoluídos: Antony Miranda (baixo), Nils Chevellie (guitarra) e Vincent Beaufort (bateria). A música dos CORPO-MENTE é um híbrido de toada ora acústica ora eléctrica, por vezes de ascendência barroca, outras de assumida matriz clássica, que evolui por estruturas melódicas e rítmicas que tanto podem ser “meramente” contemplativas como descaradamente providas de uma balanço próprio do rock progressivo. Tudo, claro, devidamente acondicionado pela soberba e, aqui e ali, operática, voz de Le Prunenec – que, qual feiticeira, ora nos aconchega no mais sereno dos embalos celestiais ora nos atira ao mais abruto e agudo dos arrepios. CORPO-MENTE é isso mesmo. Uma dicotomia metafórica que alude o tangível do corpo com o intangível da mente. À semelhança, aliás, do que a FADE IN estipulou quando baptizou com as palavras ALMA e CORPO dois dos palcos deste festival. E se esta é uma coincidência feliz, tudo o resto será obra de uma meticulosa sonoplastia, que, mais uma vez, tem todo o potencial para deixar marcas. E é talvez essa a maior virtude e a mais marcante das faculdades de Gautier Serre: a de deixar uma impressão digital personalizada (e sempre prodigiosa) em tudo o que toca. Imperdível!

. FIA .
. VELANDI .
. ARSALEIN .
. DORMA .
. ORT .

27 Agosto - 21h00 - Palco Alma

- ESTREIA EM PORTUGAL -

"A MÚSICA LIGEIRA TRICOLOR NA SUA MAIS ESPLENDOROSA E EXUBERANTE DIMENSÃO" 

São oito os músicos que dão corpo aos italianos IANVA (pronuncia-se “ya-noo-ah”), colectivo que nos chega de Génova e que, à sétima edição do festival ENTREMURALHAS, se estreia, finalmente, em Portugal. O grupo, onde pontificam elementos oriundos de diferentes quadrantes estéticos, é detentor de um universo musical facilmente identificável, o que lhes confere personalidade e um território sonoro próprio. As suas composições, repletas de arranjos que tanto nos remetem para a música popular italiana como para as vielas pecaminosas do pigalle parisiense, toca-nos pelo apelo poético que permanentemente as percorre. E é aí que verdadeiramente nos rendemos, ao sermos embalados no exotismo latino da língua em que cantam e que exorta sentimentos da alma transalpina, como a paixão, a ousadia ou a dignidade. De resto, a apologia do passado, inspirado nalguns dos acontecimentos históricos mais relevantes do seu país, é invocado por entre influências assumidas dos pioneiros da new wave conterrânea até aos seus mestres da sétima arte como Ennio Morricone, Bruno Nicolai, Armando Trovajoli, Franco Micalizzi ou Stelvio Cipriani. Na amálgama de figuras que os inspiram a banda coloca ainda nomes como Scott Walker, Marc Almond, Fabrizio De Andrè, Piero Ciampi e Jacques Brel. Em suma, os IANVA são senhores de uma sonoridade empolgante, cinemática, às vezes épica outras vezes introspectiva, mas sempre com uma indelével capacidade de nos prender a atenção de uma forma absolutamente arrebatadora. A música ligeira tricolor encontrou nos IANVA a sua mais esplendorosa e exuberante dimensão, tornando este grupo de excepcionais músicos num dos mais fascinantes estandartes da “vecchia” península itálica.

. LUISA FERIDA .
. BORA .
. IL PORTATORE DEL FUOCO .
. DOV’ERI TU QUEL GIORNO? .
. IN COMPGNIA DEI LUPI .
. NEGLI OCCHI DI UN RIBELLE .

GEOMETRIC VISION EM2016

27 Agosto - 19h00 - Igreja da Pena
"OS GEOMETRIC VISION SÃO UMA DAS BANDAS QUE MAIS SE DESTACA NA FÉRTIL E CRIATIVA VAGA DE COLDWAVE TRANSALPINA" 

Bastaram dois álbuns para que os italianos GEOMETRIC VISION se tornassem numa banda de renome internacional: “Dream” de 2013 e “Virtual Analog Tears” de 2015, ambos com selo da helvética Swiss Dark Nights. Ago Giordano (voz e teclas), Gennaro Campanile (baixo) e Roberto Amato (guitarra) são o trio que dão corpo a canções de toada fria, tecidas, de forma equitativa, entre o dedilhado de guitarras herdado ao mais refinado “dream-pop” britânico da sua era seminal, e o adorno synth, ocasional, de sequências circulares. É pois, nesta dicotomia de texturas agridoces, aconchegadas por um baixo de tonalidades cinzentas e ritmos que por vezes se aventuram em cadências propícias à dança, que emerge uma voz envolta em nostalgia, que nos remete, de forma esporádica, para o universo de alguns dos temas mais nebulosos dos The Cure. Os GEOMETRIC VISION são oriundos de Nápoles, uma cidade habituada a temperaturas quentes. Não é estranho por isso que os seus músicos se refugiem na sombra das suas catacumbas. Terá sido essa busca de arrefecimento constante que criou na cena underground da cidade uma corrente estética devotada a sonoridades de características frias? Talvez seja essa a explicação para a costela coldwave dos GEOMETRIC VISION e, já agora, dos seus vizinhos Ash Code, Hapax ou Dark Door, só para citar alguns dos nomes mais sonantes a emergir daquela urbe metropolitana do sopé do imponente Vesúvio. Certo, certo, é que temas como “Joy”, “Panic”, “Stranger”, “Solitude Of The Trees”, “Another Day Without Blue”, o motoramaniano “We Have No Time” ou o bauhausiano e contemplativo “Virtual Analog Tears” farão as delícias do habitual exército monocromático que pinta a uma só cor a plateia das idílicas ruínas da Igreja da Pena. A FADE IN sabe sempre o que faz… e porque o faz!

. ANOTHER DAY WITHOUT BLUE .
. HILLS .
. WE HAVE NO TIME .
. SOLITUDE OF THE TREES .
. JOY .
. STRANGER .

27 Agosto - 18h00 - Igreja da Pena

- ESTREIA EM PORTUGAL -

"A NEOFOLK AMENA RESULTANTE DO EQUILIBRIO ENTRE A FRIA HERANÇA ESTÉTICA GERMÂNICA E A CALOROSA VIVÊNCIA MEDITERRÂNICA" 

É (também) isto que admiramos nalguns dos músicos que temos seguido ao longo dos anos: o facto de não se confinarem; o facto de não se remeterem em permanência a um qualquer intervalo estético de circuito fechado; o facto de não se blindarem num só espaço de criatividade; o facto de estarem atentos e de usufruírem de outros géneros musicais para além daqueles a que habitualmente estão associados. Isso é, quanto a nós, sem dúvida, sinal de inteligência, clarividência e, claro, cultura. Os espanhóis HAR BELEX têm no seu núcleo dois bons exemplos de músicos que se recusam a ficar hermeticamente encerrados nos géneros musicais nos quais têm vindo a firmar créditos: Manix S, dos Pail, tem carreira reconhecida feita na música electrónica, e Salva Maine, dos Culture Kultür, na EBM e no synthpop. E o que os levou, afinal, a deixar (circunstancialmente) de lado a parafernália tecnológica e dedicarem-se à construção de refinadas canções de índole maioritariamente acústica, feitas de instrumentos reais? A resposta está na paixão que ambos têm pela natureza, por locais tradicionais, pela história, pela alienação religiosa e pela sociedade moderna – alguns dos predicados que, grosso modo, servem de mote à neofolk – género musical que os HAR BELEX eficaz e requintadamente praticam. “Chandelle”, o álbum que a banda editou em 2014 surpreendeu pela maturidade de composição das suas canções. O seu neofolk é rico nos arranjos e na expressão idiomática, o que confere aos HAR BELEX um universo valioso onde se notam (boas) influências de outros nomes relevantes da cena, como os Spiritual Front, Oniric ou Rome, tudo bandas que já passaram pelo ENTREMURALHAS. Os HAR BELEX serão os primeiros a pisar o palco da Igreja da Pena na edição do presente ano. O grupo apresentar-se-á em quarteto: Manix S (guitarra) e Salva Maine (voz) terão a companhia do violinista e professor de conservatório Lucas Valera e do teclista Sathorys Elenorth – ele que já actuou naquele palco com os seus Der Blaue Reiter, e também no Palco Alma, em 2011, acompanhando os suecos Arcana. Com um elenco de músicos desta estirpe o concerto dos HAR BELEX só poderá ter um adjectivo à priori: imperdível!

. FREEDOM (TIME DOES NOT FORGIVE) .
. A RAY OF MOON .
. GERNIKA .
. 6 AM .
. PATHWAYS .
. BASOAN .

26 AGOSTO

DIE_KRUPPS@EM2016

26 Agosto - 01h30 - Palco Corpo
- ESTREIA EM PORTUGAL -
"TRÊS DÉCADAS E MEIA DE TEMAS EMBLEMÁTICOS REVISITADOS NO CONCERTO DE ESTREIA DA MÍTICA BANDA NO NOSSO PAÍS!" 

Foi preciso esperarmos 36 anos para, finalmente, podermos testemunhar a estreia ao vivo dos míticos germânicos DIE KRUPPS em Portugal! Mais um nome (muito) importante da cena alternativa mundial a inscrever-se na galeria de notáveis que a FADE IN já trouxe ao nosso país. Os DIE KRUPPS formaram-se em Outubro de 1980 na cidade de Dusseldorf e são citados pela crítica ao lado de nomes como os Kraftwerk ou Einsturzende Neubauten quando esta se refere a alguns dos discos mais representativos e pioneiros da chamada “música industrial” (ouça-se o álbum “Stahlwerksynfonie” de 1981 e perceba-se porquê). Mas os DIE KRUPPS, liderados desde sempre por Jürgen Engler (que actualmente também acompanha ao vivo os igualmente lendários Faust, uma das bandas mais influentes da história do krautrock), também são uma referência da EBM (ouça-se o álbum “Volle Kraft Voraus!” de 1982 e perceba-se porquê) não sendo por isso de estranhar que tenham sido uma inspiração assumida por nomes como Front 242 ou Nitzer Ebb (cuja estreia e único concerto em Portugal até à data também foi no Castelo de Leiria, no ENTREMURALHAS, em 2011). Mas a procura dos DIE KRUPPS por uma sonoridade cada vez mais personalizada levou-os a experimentar cada vez mais. A introdução de guitarras com poderosos riffs misturados com pesadas sequências electrónicas resultou numa fusão que esteve na origem do industrial-metal (não confundir com Metal-Industrial) quando os Rammstein ainda nem sonhavam vir a existir (ouça-se o álbum “I” de 1992 e perceba-se porquê). Mas o passo mais “arriscado” aconteceu quando os DIE KRUPPS editaram um tributo aos Metallica com versões electro-industriais de temas como “Enter Sandman”, “Nothing Else Matters” ou “For Whom The Bell Tolls”. O atrevimento chamou a atenção de Lars  Ulrich e companheiros e os Metallica acabaram por ajudar os DIE KRUPPS a assinarem um contracto numa multinacional norte-americana (a Hollywood Records – que faz parte do grupo Disney – casa dos Queen, Duran Duran, Butthole Surfers, Ryuichi Sakamoto ou Hanz Zimmer). Os álbuns seguintes, “The Final Option” (1993), “Odyssey Of The Mind” (1997) e “Paradise Now” (1997) cimentaram os DIE KRUPPS como uma das bandas maiores da cena alternativa europeia, levando outros nomes sonantes (Sisters Of Mercy, Clawfinger, Paradise Lost, KMFDM, Nine Inch Nails, Einsturzende Neubaten ou Faith No More, só para citar alguns) a querer fazer remixes ou re-interpretações de temas dos DIE KRUPPS. Aliás os próprios Rammstein prestaram-lhes tributo quando em 1997 creditaram “Tier”, do álbum “Sehnsucht”, como uma adaptação do tema “The Dawning Of Doom” gravado no álbum “I” dos DIE KRUPPS em 1992. Depois de várias digressões mundiais bem sucedidas (que nunca chegaram a passar pelo nosso país) e de vários discos nos tabelas alternativas de países da Europa e das Américas, os DIE KRUPPS decidem, inesperadamente, fazer uma pausa na sua carreira. Foi preciso esperar 16 anos (é certo que houve edições de mini-álbuns, compilações e discos de remixes pelo meio…) até os DIE KRUPPS editarem um novo álbum: “The Machinists of Joy” de 2013 mostrava-nos uma banda a replicar o passado mas com a artilharia tecnológica do presente, numa obra embrenhada de novo na potência da máquina e das suas sequências electrónicas. Mas, e a fazer jus à fama de que a banda tem claramente duas vertentes distintas, o álbum que viu a luz em 2015, “Metal Machine Music”, mostra-nos uns DIE KRUPPS outra vez com vontade de ver os fãs no mosh-pit. E é nesta dicotomia que se tem pautado a carreira dos DIE KRUPPS. Ora voltando ao EBM old-school, numa espécie de DAF seminais mas com produções modernas, ora transfigurando-se em guerreiros do asfalto de guitarras em riste, como se a cada canção esgrimissem novos scripts para mais uma sequela do Mad Max… Ainda não sabemos se a banda usará pirotecnia em palco, mas temos a certeza que a sua música incendiará as hostes da plateia que vai estar repleta para os ver. E nós estaremos na primeira fila! Hell-yeah!

. NAZIS AUF SPEED (2014) .
. RISIKOFAKTOR (2014) .
. ROBO SAPIEN (2014) .
. KALTEZ HERZ (2015) .
. ISOLATION (1995) .
. SCENT (1995) .
. FIRE (1997) .
. CROSSFIRE (1993) .
. METAL MACHINE MUSIC (1992) .
. WAHRE ARBEIT, WAHRER LOHN (1981) .

26 Agosto - 00h00 - Palco Corpo
"A SUBLIMACÃO PERFEITA DE CRISIS, WARSAW, JOY DIVISION E THE FALL, TRANSFORMADA EM HINOS DE CONTÁGIO INSTANTÂNEO" 

A vinda dos gauleses FRUSTRATION ao ENTREMURALHAS era uma ambição que a FADE IN tinha desde a segunda edição do festival. Esse intento só não se concretizou antes porque as agendas de ambas as partes nunca conseguiram ser coincidentes. Quis o destino que fosse à sétima edição do nosso festival que os astros se alinhassem, finalmente, no mesmo firmamento. É, pois, com acrescida satisfação que vemos este quinteto francês voltar a pisar solo nacional, depois de um memorável concerto em 2008 aquando da passagem por Portugal do itinerante Drop Dead Festival. Os FRUSTRATION formaram-se em 2002 e rapidamente conseguiram impressionar os melómanos mais atentos, mercê de músicas que pareciam sublimar e fundir num só, o espírito, a toada e o âmago de grupos como os pré-Joy Division – Warsaw, os próprios Joy Division, os pré-Death In June – Crisis, ou mesmo os Killing Joke e os The Fall nas suas fases mais seminais. Ao vivo a banda destila uma energia contagiante onde se realçam um baixo pulsante, uma bateria em cadência maquinal em harmonia perfeita com um sintetizador circular, uma guitarra de riff “apunkalhado” em riste, e um vocalista carismático que parece estar sempre na iminência de explodir em ataques espasmódicos e que – e a frase é retirada do press-release do seu mais recente disco, “Uncivilized” – “canta com uma voz de alguém que foi acordado a meio da noite para ir limpar o vomitado de um cão”. De resto, esta é uma banda que esgota todos os concertos no país de origem e que já vendeu cerca de 10.000 exemplares de discos (um enorme feito nos dias de hoje!). Temas como “Blind” (quem nunca dançou o dançou? – que o digam os habituais frequentadores das Unknown Plaesure Nights em Leiria, onde é um hit absoluto!), “Your Body” (outro!), “No Trouble”, “It’s Gonna Be The Same” ou “Dying City” são músicas emblemáticas, de ignição energética instantânea, daquelas que, por muito que não queiramos, sentimos o nosso corpo a reagir de imediato. É esse o efeito dos FRUSTRATION em nós. Esse e muito mais.

. BLIND .
. DYING CITY .
. ASSASSINATION .
. YOUR BODY .
. NO TROUBLE .
. IT’S GONNA BE THE SAME .
. I CAN’T FORGET YOU .

Sex Gang Children3

26 Agosto - 22h30 - Palco Alma

A INSUBMISSÃO IDEOLÓGICA E A POESIA ELABORADA COMO ARREMESSOS DE CONTRACULTURA E PROVOCAÇÃO! 

O que é que Malcolm Maclaren (o famoso empresário por detrás do sucesso dos Sex Pistols), Boy George (a andrógina estrela pop dos Culture Club) e Ian Astbury (o iconográfico líder dos The Cult) têm a ver com os britânicos SEX GANG CHILDREN? Vamos por partes. Formados em Londres no início de 1981 os SEX GANG CHILDREN tiveram duas vidas: a primeira durou até 1985 e foi tão conturbada quanto bem sucedida. A segunda re-nasceu em Los Angeles, em 1991, e dura até hoje, ao que sabemos, de forma mais serena. “Sex Gang Children” foi o nome que Malcolm Maclaren retirou de uma novela de William Burroughs para incluir numa das letras dos Bow Wow Wow, mais uma das bandas em que apostara. Neles estava Boy George que ao fim de dois concertos saiu para formar o seu próprio grupo levando com ele esse nome. Mas quando houve hipótese de assinar com a Virgin Records, Boy George achou que se a sua banda se chamasse “Sex Gang Children” não iria a lado nenhum. Optou por Culture Club e cedeu o nome “Sex Gang Children” ao seu amigo Andi – um activista de esquerda que vivia em squats, que tinha uma banda chamada Panic Button e que, daí em diante, se passou a chamar… SEX GANG CHILDREN. O termo encontrou, finalmente, os seus fieis depositários, um grupo de música com uma sonoridade inconformista que fazia das ideias políticas e da poesia elaborada dois arremessos de contracultura e provocação. Mas claro, um grupo com um nome destes (muitas vezes associado à pedofilia) estava, certamente, condenado ao fracasso. Mentira! Em Agosto de 1982, “Naked”, o seu primeiro trabalho (uma cassete gravada ao vivo), chegou às lojas, mas dias depois foi retirada das mesmas para evitar um processo judicial movido pela autora da foto da capa a quem se “esqueceram” de pedir permissão para uso. Mesmo com a obra fora de circulação, a cassete ainda foi a tempo de atingir o oitavo lugar das tabelas independentes e aí se manter por 12 meses! Um feito que chamou a atenção de Tony James (que tinha os Generation X com Billy Idol e que estava na iminência de formar os Sigue Sigue Sputnik) que, enamorado pelo som da banda, se prontificou para produzir “Into The Abyss”, o single que viu a luz do dia em Outubro de 1982. Mas foi com o álbum “Song And Legend” que os SEX GANG CHILDREN conseguiram maior relevância quando viram o disco manter-se no topo das “charts” alternativas britânicas durante 15 dias. O álbum continha o tema “Sebastiane” – considerado por muitos como uma das dez canções mais iconográficas da “cena gótica”, a par de outras dos Bauhaus, Sisters Of Mercy, Fields Of The Nephilim ou Siouxsie and The Banshees. Depois de um “fim” inesperado (que teve a ver com “guerras” contratuais) e de um hiato de alguns anos, e cedendo às pressões por parte dos fãs norte-americanos, os SEX GANG CHILDREN voltam a juntar-se, desta vez em Los Angeles, iniciando uma extensa digressão americana em 1991 e assinando pela importante editora Cleopatra Records, onde lançaram, em 1993, o álbum “Medea”. Andi Sex Gang sempre manteve uma carreira a solo paralela (tendo, inclusive, alguns duetos com outra lenda viva: Marc Almond) e tem sido apontado, ao longo dos anos, como o responsável pela origem do termo “goth” (abreviatura de “Gothic”). Foi Ian Astbury dos The Cult que explicou numa entrevista à Alternative Press em Novembro de 1994: “One of the groups coming up at the same time as Southern Death Cult [pre-Death Cult and pre-pre-The Cult] was Sex Gang Children, and Andi used to dress like a Banshees fan, and I used to call him the Gothic Goblin because he was a little guy, and he’s dark. He used to like Édith Piaf and this macabre music, and he lived in a building in Brixton called Visigoth Towers. So he was the little Gothic Goblin and his followers were Goths. That’s where goth came from.” É pois mais um pedaço de história viva que o ENTREMURALHAS 2016 vai receber. Os SEX GANG CHILDREN vão apresentar-se com a formação original (acreditem que é um feito, pois a banda teve mais de dez line-ups diferentes!) com Andi Sex Gang na voz, Dave Roberts (também fundador dos Carcrash International – com elementos dos Christian Death e dos Mephisto Watz) no baixo, Terry Macleay na guitarra e Rob Stroud na bateria. Os SEX GANG CHILDREN são donos de uma fusão única de elementos musicais post-punk, folk, glam, batcave e rock, envoltos na expressividade melodramática inigualável de uma voz inconfundível (que inspirou Cinema Strange ou Anna “Sopor Aeternus” Varney) e são, indiscutivelmente, uma das últimas bandas-estandarte activas da proeminente e mundialmente influente cena underground londrina dos anos 80. E qual será o segredo da longevidade de uma banda que praticamente não tem nada disponível no spotify, não tem bandcamp oficial e que apenas uma ínfima parte da obra podemos encontrar no youtube? As palavras de Andi são claras: “Be a warrior not a slave!”

. SEBASTIANE (VIDEO CLIP) .
. SENSUAL HEART .

26 Agosto - 21h00 - Palco Alma

"QUANDO O CÉU É O INFERNO. FOLK LUCIFERIANO DO MAIS PURO REQUINTE" 

Da costa oeste dos Estados Unidos, mais propriamente da cidade de Seattle, chega-nos KING DUDE, a denominação adoptada por Thomas Jefferson Cowgill que, depois de ter brilhado a solo na última passagem por Portugal, regressa ao nosso país para se apresentar no ENTREMURALHAS 2016 em formato banda, acompanhado pelos músicos Tosten Larson e August Johnson. KING DUDE é um dos maiores nomes de culto da actualidade e a sua reputação foi granjeada quando se propôs fazer a música mais “terrível” que conseguisse, trocando a electricidade avassaladora das suas bandas de hardcore (Book Of Black Earth, Teen Cthulhu) e black-metal (Cross) pelo dedilhar folk de guitarra à tira-colo, num “country-blues” decadente que canta a desgraça e o medo. O resultado não se fez por esperar e a crítica musical encontrou em KING DUDE uma espécie de oásis num género que necessitava urgentemente de um “murro no estômago” como abanão regenerativo. O universo místico de KING DUDE fez-se com os seus três primeiros álbuns [“Tonight’s Special Death” (2010), “Love” (2011) e “Burning Daylight”] e nas edições conjuntas com Solanaceae (projecto de Kim Larsen, líder de outra banda que já passou pelo ENTREMURALHAS: Of The Wand And The Moon), Urfaust e, claro, Chelsea Wolfe. Os anos de 2014 (com o extraordinário álbum “Fear”) e 2015 (com o imprescindível quinto álbum, “Songs Of Flesh & Blood – In The Key Of Light”) consolidaram KING DUDE num patamar de excelência. A batalha entre o céu e o inferno continua a ser a maior demanda de TJ Cowgill, mas é nas profundezas da alcova do demo que está o céu de KING DUDE. E se se resumisse a sua obra a um quadro pintado em honra de uma analogia simbólica, esse seria, certamente, o da última ceia: ao centro KING DUDE, do seu lado direito Bob Dylan, Hank Williams, Johnny Cash e Lee Hazlewood, e do seu lado esquerdo Nick Cave, Mark Lanegan, Reverend Horton Heat e Douglas P. A orgiástica sobremesa sonora que daí adviria está sintetizada na obra que Cowgill e companheiros apresentarão no Palco Alma do ENTREMURALHAS 2016. E como se diz na terminologia contemporânea de rua, “isto” é top!

. DEATH WON’T TAKE ME .
. FEAR IS ALL YOU KNOW .
. LAY DOWN IN BADLAM .
. JESUS IN THE COURTYARD .
. I’M COLD .


26 Agosto - 19h00 - Igreja da Pena
- ESTREIA EM PORTUGAL -
"DIFICILMENTE ENCONTRAREMOS OUTRA BANDA DE SONORIDADE TÃO OBSCURA A SOAR TÃO SEXY" 

Mario D’aniello (voz e sintetizador) e Federica Velenia (sintetizador) são a dupla que forma os DARK DOOR, mais uma banda oriunda da fértil cena underground que fervilha na cidade de Nápoles. Na bagagem para a sua estreia ao vivo em Portugal trazem os Ep’s “53°”, “Abracadabra” e o álbum “Post Mortem”, um disco que vicia a cada audição, erigido em camadas de sonoridades frias mas atractivas, sequências minimalistas e batidas incisivas. A voz, sempre grave e enfática na expressividade, confere aquilo a que podemos chamar “imagem de marca” destes italianos. A fórmula “mágica” das canções dos DARK DOOR (que aqui e ali nos fazem evocar o universo dos seminais, e então jugoslavos, Borghesia – sobretudo nos temas que estes tinham em italiano) reside no modo equilibrado com que fundem a gélida ambiencia de reminiscências darkwave/coldwave com a omnipresente toada melódica que tanto nos remete para o lado sombrio das encruzilhadas batcave como para a luminosa e mordaz herança sexy do italodisco. O resultado desta combustão de condimentos doseados em porções q.b. manifesta-se certeira e extraordinariamente eficaz. Talvez seja por isso, por essa conjugação de elementos tão eficientes como uma qualquer prescrição química, que damos por nós a escutar temas como “Nato Morto”, “Si Sei Tu”, “Incubo Di Una Notte Di Fine Estate”, “A Scatti” ou “Odiami e Amami” de maneira repetida e quase compulsiva. Um sinal claro de atracção auditiva arrebatadora e um apelo irresistível para que a FADE IN quisesse os DARK DOOR entre os eleitos para o ENTREMURALHAS 2016.

. NATO MORTO .
. NELLA MENTE .
. RIPETUTAMENTE .
. ABRACADABRA .
. TZIGANATA .
. SI SEI TU .

26 Agosto - 18h00 - Igreja da Pena
- ESTREIA EM PORTUGAL -
"ANGELIC FOE MOSTRA-NOS QUE HÁ VIDA PARA ALÉM DA HIBERNAÇÃO A QUE SE DEVOTARAM OS MÍTICOS E MÍSTICOS ARCANA" 

Annmarie Thim foi, durante mais de uma década, a voz principal da banda de culto sueca Arcana (que tão brilhante concerto deram na sua estreia em Portugal, aquando da sua vinda exclusiva ao ENTREMURALHAS 2011). Depois do período de hibernação iniciado pela banda após a sua vinda ao nosso país, Annmarie dedicou-se a um processo de composição e escrita que deu corpo a ANGELIC FOE, projecto de que é líder. Aliás o background musical de Annmarie não foi só enriquecido no seio dos Arcana. A aprendizagem desta senhora, detentora de uma voz soberba (tão celestial quanto operática) capaz de arrepiar o mais obtuso dos incautos, desenvolveu-se também, por certo, nas outras bandas a que pertence, nomeadamente nos belgas VoidWork (projecto detentor de uma sonoridade darkwave/horror ambient) e nos britânicos Seventh Harmonic (um ensemble que funde a música sinfónica com elementos etnográficos). Com dois álbuns na bagagem (“Oppressed By The Heavens”, de 2012, com selo da Prikosnovénie, e o recente “Mother Of Abominations”, de 2015, com selo da Equilibrium Music) ANGELIC FOE apresentar-se-á nas singulares e mágicas ruínas da Igreja da Pena, no centro nevrálgico do Castelo de Leiria, acompanhada pelo percussionista/baterista Mattias Borgh (Arcana) e pela teclista Jenny Göransson. A música de ANGELIC FOE tem sido descrita como um híbrido que revela uma aparente ambiguidade: por um lado é grandiosa, bombástica, épica, por outro encerra em si uma capacidade que acalma, que nos faz querer contemplar o mais ínfimo dos pormenores. E é nessa dicotomia do antagonismo que se coroa a voz de Annmarie, levando-nos em viagens fantasiosas, cinemáticas, repletas de histórias onde se narram crenças e textos religiosos de índole misteriosa. Aqui e ali somos contemplados por arranjos de características bizantinas e (ao de leve) orientais. A percussão, ora militarista ora de cadência orquestral, marca o ritmo destas composições de assombrado misticismo. O concerto de ANGELIC FOE no ENTREMURALHAS 2016 será o momento certo para exorcizar todos os fantasmas de fadas, duendes, gnomos e bruxas que durante séculos se incrustaram nas pedras das muralhas que cercam o local onde imperará tão particular ritual sonoro. Para se ouvir e ver, de olhos fechados…

. DAUGHTERS OF FORTITUDE .
. MOTHER OF ABOMINATION (ALBUM) .
. OPPRESSED BY THE HEAVENS (ALBUM) .

25 AGOSTO

25 Agosto - 00h00 - Palco Corpo
- ESTREIA EM PORTUGAL -

“UMA PODEROSA PERFORMANCE AO VIVO NÃO ACONSELHÁVEL A MENORES NEM A PESSOAS DEMASIADO SUSCEPTÍVEIS”

É certo e sabido que a FADE IN tem uma estratégia de programação para o festival ENTREMURALHAS criteriosa em termos estéticos e qualitativos, mas também é um dado adquirido que a cada edição do festival há sempre espaços reservados às surpresas, às provocações, ao agitar de emoções e consciências, ao inesperado e, por vezes, ao bizarro. Esta é uma filosofia que tem dado frutos e que tem, a par de outras características inatas do evento, distinguido o festival entre os demais. A banda que fechará o primeiro dia do certame é um forte exemplo dessa “pedrada no charco” que representa o ENTREMURALHAS. Chamam-se GRAUSAME TÖCHTER e são um octeto oriundo da cidade de Hamburgo (Alemanha) formado por Aranea Peel (voz e performance), Era Kreuz (baixo), Bojana Tadic (violoncelo), Valeria Ereth (guitarra), Zou Lou (vozes e performance), Annie Fiore (vozes e performance), Arnaud Vanteekiste (bateria) e Gregor Henning (bateria e electrónica). Fundados em 2009, os GRAUSAME TÖCHTER (“Irmãs Cruéis” em português) distinguem-se pela excentricidade da sua líder e diva fetish, Aranea Peel. Mas esta senhora tem atributos artísticos que vão muito para além da “simples” arte de “chocar”. A reputada tatuadora é recrutada, amiúde, pela orquestra Bremer Salonorchester para dar voz ao vivo a alguns clássicos do cancioneiro cabaret germânico dos anos 30. A poderosa imagem de Aranea Peel (uma espécie de miscigenação entre Nina Hagen, Marilyn Manson e Marlene Dietrich) aliada à pujante e feroz interpretação vocal da mesma conferem aos GRAUSAME TÖCHTER um gene identificativo de grande personalidade. Mas a banda está longe de se distinguir “apenas” pela forte imagem da sua líder. A música do grupo é também um fortíssimo cartão de visita, embora a sua catalogação exacta seja extremamente difícil de circunscrever pois inclui elementos característicos da EBM, da música industrial, da música clássica, do punk, da darkwave, da música fílmica, da “chanson” e do imaginário gótico. Na bagagem a banda traz o seu mais recente álbum, “Vagina Dentata” de 2016, mas é expectável que este gangue agitador aproveite a sua estreia em Portugal para mostrar temas incluídos nos álbuns anteriores: “Mein Eigentliches Element” de 2011, “Alles Für Dich” de 2012, e “Glaube Liebe Hoffnung” de 2014. O foco lírico da banda deambula à volta da ganância, da luxúria e da egomania, exaltando com forte intensidade o mal inerente ao que cada um desses substantivos representa. O poderoso espectáculo ao vivo dos GRAUSAME TÖCHTER inclui sado-masoquismo, nudez, e cenas teatrais que podem conter elementos considerados obscenos, não sendo por isso aconselhável a menores nem a pessoas demasiado susceptíveis. Por tudo isto, este será, com toda a certeza, mais um daqueles concertos que se perpetuará nas memórias de todos os que tiverem o privilégio (ou a coragem?) de o presenciar! Atrevam-se!

. ICH DARF DAS! .
. VERLASSEN .
. GLAUBE LIEBE HOFFNUNG .
. BELEIDGITE ENGEL .
. UNTERGANG .
. TANZ FUR DICH .
. LUST UND TOD .
. VAGINA DENTATA (live) .
. (live excerpt) .

KARINPARK@EM2016

25 Agosto - 23h00 - Palco Corpo
- ESTREIA EM PORTUGAL -
ENTRE BJORK E THE KNIFE, DO VIRGINAL AO MUNDANO. EIS A APOCALIPSE-POP DE UMA ESTRELA EM POTÊNCIA! 

Este é mais um nome que há muito tempo a FADE IN ambicionava trazer a Portugal. Quis o destino que fosse este ano e que fosse o Palco Corpo do ENTREMURALHAS 2016 a receber a estreia de KARIN PARK no nosso país. Actualmente a viver em Bergen, na Noruega, a sueca KARIN PARK tem vindo a construir uma sólida carreira como compositora, cantora, modelo e, pontualmente, actriz. O seu percurso iniciou-se em 2003 com o álbum “Superworldunknown” a arrebatar o prémio de melhor nova artista pop do ano. Estavam assim comprometidos os holofotes escandinavos em seguir a carreira de Park. Depois do segundo álbum, “Change Your Mind” de 2006, KARIN PARK teve necessidade de experimentar sonoridades mais arrojadas, complexas e alternativas, enveredando por uma toada mais “dark” que culminou com a edição do álbum “Ashes To Gold” em 2009, com produção de Frederik Saroe, o vocalista e líder dos Datarock. Mas foi com o álbum “Highwire Poetry” que KARIN PARK, decididamente, encontrou a sua sonoridade de marca. O disco, produzido por Christoffer Berg (conhecido por trabalhar com The Knife, Fever Ray ou Massive Attack) foi extraordinariamente bem recebido pela crítica de países como a Alemanha, Inglaterra, França ou Dinamarca que etiquetaram a sua música de “electro-goth” ou de “industrial-pop”, epítetos que ainda asssim, quanto a nós, são demasiado estanques para a liberdade estética que caracteriza o universo sonoro de KARIN PARK. A sua voz é comparada à de Bjork, parecenças que são notórias, sobretudo, nos seus temas mais calmos. Ouça-se por exemplo, “Wildchild”. Em palco KARIN PARK impressiona pela sua presença imponente e bela, de voz segura e penetrante, acompanhada pelo seu irmão David Park (famoso por usar quase sempre uma t-shirt dos Slayer – e, já agora, ela pela que usa dos Einsturzende Neubauten) que tem a particularidade de tocar bateria enquanto, por vezes, o seu pé esquerdo percute um teclado que simula o som do baixo. Em 2013 KARIN PARK foi a co-autora da letra e da canção “I Feed You My Love” que Margaret Berger levou à final do Festival da Eurovisão, obtendo o 4º lugar (em 26 concorrentes). Entre dar voz a temas de Maya Jane Coles (ouça-se “Everything”), de Booka Shade (escute-se “Line Of Fire”) e de Arabrot – banda onde colaboram, entre outros, Ted Persons (Swans, Killing Joke, Foetus) e Stephen O’Malley dos Sunn O))), e na qual também toca piano, mellotron e harmonium – KARIN PARK lá foi tendo tempo para compor mais um disco. Chama-se “Apocalipse Pop” e pode muito bem ser um título descritivo das suas canções, onde, naturalmente, também encontramos resquícios – uns mais notados que outros – de nomes com Fad Gadget, Gary Numan, Depeche Mode e, claro, The Knife. O mais certo é que ninguém ficará indiferente quando naquele palco do ENTREMURALHAS 2016 soarem temas como “Restless”, “Explosions”, “Human Beings“, “Look What You’ve Done” e, claro, o obrigatório e dancefloor-friendly “Thousand Loaded Guns”.

. THOUSAND LOADED GUNS .
. HUMAN BEINGS .
. RESTLESS .
. LOOK WHAT YOU’VE DONE .
. WILDCHILD .
. LIVE IN PRAGUE (2013) .


25 Agosto - 22h00 - Palco Corpo
- ESTREIA EM PORTUGAL -
"A NEW-WAVE SORUMBÁTICA, INSPIRADA NO LADO MAIS CINZENTO DOS ANOS 80, DA NOVA CONQUELUCHE DA VELHA AMESTERDÃO" 

As ruas ribeirinhas de Amesterdão, salpicadas pelo verdete do lodo que espicha dos seus canais, são povoadas por um fecundo desejo que lateja entre a lúgubre vertigem da libertinagem desenfreada e a ditadura da razão. É pois, neste ambiente híbrido, onde sexo e opiáceos coabitam lado a lado, que surgem os SILENT RUNNERS, quinteto formado por Jan Meulendijks, Joep Gerrits, Stanley Op’t Root, Frank Smolenaers e por Dolf Smolenaers, o seu carismático e irrequieto vocalista, cujo timbre, confere identidade à banda. Mas desengane-se, porém, quem possa pensar que este é um gang de músicos adictos aos ácidos e ao deboche dos prazeres carnais, afogados numa qualquer maré de psicadelismo disfuncional. A música dos SILENT RUNNERS é até bastante lúcida e balizada. Inspira-se no quotidiano que os circunda mas é atingida por um vento insular de origem britânica que nos remete para aquela Manchester esteticamente inconformada dos anos 80 – cujo ambiente acinzentado deu origem a algumas das mais iconográficas bandas da emblemática etiqueta discográfica Factory. Teriam sido os SILENT RUNNERS, à época, recrutados para as suas distintas fileiras? Será sempre uma pergunta sem resposta, mas o que vos podemos dizer é que uma banda que mistura, de forma muito bem doseada, a pulsante cadência do pós-punk com o travo agridoce da new wave de tradição mais sombria é, certamente, uma banda que interessa à FADE IN. Os seis temas que os SILENT RUNNERS nos mostraram no seu homónimo EP de estreia – masterizado pelo canadiano Ryan Morey (Arcade Fire, Patrick Watson) – e algumas visualizações de vídeos secretos das suas (exuberantes, energéticas e contagiantes) prestações ao vivo, foram mais que suficientes para que os quiséssemos partilhar com o público que nos vai visitar no ENTREMURALHAS 2016. Mas não fomos só nós que reparámos neles. A famosa marca Converse recrutou-os recentemente para as Amsterdam Rubber Tracks. O resultado foi um novo tema gravado pelo produtor Alan O’Connell (Maxïmo Park, Duran Duran, Crystal Fighters) que será editado em breve. Se os O.Children tivessem uma costela batcave e outra dos A Certain Ratio dos tempos de “The Graveyard And The Ballroom”, o que ouviríamos não andaria, certamente, muito longe do que ouvimos hoje nos SILENT RUNNERS. E isso é bom. Muito bom!

. PHANTOM WARRIOR .
. POCKETS ARE LIGHTER .
. AGAIN .
. GOLDEN NIGHTS .
. I WALK AWAY .
. THROUGH THE NIGHT (LIVE) .

ENTREMURALHAS 2016
Castelo de Leiria – Portugal

27 AGOSTO:

VIVE LA FÊTE – 01h30 – palco corpo
KITE – 00h00 – palco corpo
CORPO-MENTE – 22h30 – palco alma
IANVA – 21h00 – palco alma
GEOMETRIC VISION – 19h00 – igreja da pena
HAR BELEX – 18h00 – igreja da pena

26 AGOSTO:

DIE KRUPPS – 01h30 – palco corpo
FRUSTRATION – 00h00 – palco corpo
SEX GANG CHILDREN– 22h30 – palco alma
KING DUDE – 21h00 – palco alma
DARK DOOR – 19h00 – igreja da pena
ANGELIC FOE – 18h00 – igreja da pena

25 AGOSTO:

GRAUSAME TÖCHTER – 00h00 – palco corpo (*) (*)
KARIN PARK – 23h00 – palco corpo
SILENT RUNNERS – 22h00 – palco corpo

(*) o espectáculo de GRAUSAME TÖCHTER não é aconselhado nem a menores nem a pessoas demasiado susceptíveis
(*) parental advisory: GRAUSAME TÖCHTER show constains nudity and a theatrical performance that some may consider obscene