CICLO DE MÚSICA EXPLORATÓRIA PORTUGUESA 2021

INFORMAÇÃO PRÉVIA

. O CICLO DE MÚSICA EXPLORATÓRIA PORTUGUESA (CMEP) DECORRE EM LEIRIA ENTRE MAIO E NOVEMBRO DE 2021 E ESTÁ INTEGRADO NA PROGRAMAÇÃO DA 20ª EDIÇÃO DO FADEINFESTIVAL.

. O EVENTO CONTA COM O APOIO DO MUNICÍPIO E AS INTERVENÇÕES SONORAS VÃO DECORRER NA IGREJA DA PENA, IGREJA DE SÃO PEDRO, IGREJA DA MISERICÓRDIA E TEATRO MIGUEL FRANCO.

. A LOTAÇÃO, ATÉ NOVAS DIRECTIVAS, SERÁ LIMITADA A UMA PESSOA POR CADA 20 METROS QUADRADOS, RESPEITANDO A ALÍNEA 55 DA NORMA DA DGS REVISTA A 16/04/21.

. DEVIDO ÀS CIRCUNSTÂNCIAS VOLÁTEIS RELACIONADAS COM A PANDEMIA, OS HORÁRIOS E OS LOCAIS ANUNCIADOS PODEM VIR A SOFRER EVENTUAIS ALTERAÇÕES.

PROGRAMAÇÃO

29 MAIO . 19H00 . IGREJA DA PENA

CALHAU!

Com 15 anos de existência e discos editados em selos tão distintos como a belga Kraak ou a inglesa Discrepant, os CALHAU! são um autêntico manifesto estético que cresceu num edificado sonoro, visual, e conceptual de arquitectura própria. Os seus mentores, Marta Ângela (Marta von Calhau) e João Artur (Alves von Calhau), revelam uma natural apetência para a tipificação de uma linguagem que ora brinca com as palavras ora as disseca até ao mais ínfimo pormenor. O exercício, às vezes ritualista, é genialmente absurdo e, em simultâneo, estupidamente criativo. A tudo isto, junte-se uma roupagem de sons inusitados que alicerçam estruturas talhadas para acolher todo este manancial de manipulação e re-organização de linguagens e texturas.

> OUVIR “TAU TAU”
> OUVIR “Ú”

12 JUNHO . 11H30 . IGREJA DA PENA

VITOR JOAQUIM

VITOR JOAQUIM é um nome incontornável da música exploratória do nosso país e desde a década de 1980 que desenvolve trabalho em áreas como a dança, o teatro e o vídeo, não só em Portugal, mas também em França, Espanha, Bélgica ou Alemanha. O compositor, artista media e improvisador electrónico, que se formou em cinema (nas áreas de som e realização) e é doutorado em Ciência e Tecnologia das Artes (na área de “Computer Music”), conta com 16 álbuns editados em nome próprio. O mais recente, “The Construction Of Time”, que “versa” sobre a percepção do tempo e questiona a compreensão que temos da sua correlação com o espaço, será apresentado ao vivo com os mesmos protagonistas que o gravaram: Vitor Joaquim, na electrónica, e João Silva, no trompete.

26 JUNHO . 21H30 . IGREJA DA PENA

OSSO EXÓTICO

Os OSSO EXÓTICO são um grupo de música experimental activo desde 1989. A sua obra é uma viagem laboratorial em busca de padrões sonoros desalinhados onde cabem ensaios electroacústicos, minimalismo, música concreta e cerebral. Em Leiria, David Maranha, André Maranha, Patrícia Machás, Francisco Tropa e Manuel Mota (é impressionante a quantidade de discos que podíamos reunir onde participam todos estes nomes) vão apresentar “Powwow”, uma espécie de escultura sonora que inclui uma estrutura metálica onde são pendurados nacos de carne, que são de bronze e que soam a um carrilhão. Este autêntico “talho” ambulante é, pois, a peça central em redor da qual se sentam os músicos e da qual subtraem os sons para manipular em tempo real. Confusos? É ver para crer.

> OUVIR “L’ASSEMBLAGE”
> OUVIR “MÚSICA #1”

17 JULHO . 19H00 . IGREJA DE SÃO PEDRO

JOANA GUERRA

A violoncelista, cantora e compositora, JOANA GUERRA, tem vindo a construir a sua obra sempre com as portas abertas a uma boa dose de experimentação. Assim o prova “Chão Vermelho”, o seu mais recente álbum. O disco, que chegou ao mercado com selo da criteriosa etiqueta berlinense Miashmah Recordings, contou, entre outros, com as colaborações de Maria Mar (violino) e Carlos Godinho (percussões) e serão, precisamente, estes dois músicos, que vão ajudar Joana Guerra a reproduzir em Leiria um conjunto de temas minuciosos e intensos que não deixam ninguém indiferente. E a “austera” arquitectura românica da Igreja de São Pedro não podia ser melhor cenário para um concerto que se espera sorumbático e, paradoxalmente, belo.

> OUVIR “CHÃO VERMELHO”
> OUVIR “CAVALOS VAPOR”

31 JULHO . 19H00 . IGREJA DE SÃO PEDRO

ENSEMBLE DECADENTE

O ENSEMBLE DECADENTE é um organismo mutante que tanto pode ser um colectivo com 15 integrantes como um “simples” quarteto, quinteto ou sexteto. O seu existencialismo estético junta música de improviso com uma certa apetência para a teatralidade, onde nem sequer falta um qb de provocação, ou um deliberado desapego perfeccionista. A sua obra materializa-se em momentos únicos e irrepetíveis, como se cada uma das suas apresentações ao vivo fosse um manifesto de singularidade, um grito despudorado de afirmação individual. E é na orgiástica amálgama sonora que conseguem em “palco” que se corporiza a sua tendência anarco-libertária. Como se o acto criativo fosse uma propriedade ao alcance de qualquer comum dos mortais. E será?

> OUVIR “ENSEMBLE DECADENTE”
> OUVIR “AO VIVO NO ESTRELA”

25 SETEMBRO . 19H00 . IGREJA DA PENA

TELECTU

Vitor Rua (guitarra) e Ilda Teresa de Castro (sintetizador, metalofone) vêm ao Vitor Rua (guitarra) e Ilda Teresa de Castro (sintetizador, metalofone) vêm ao Ciclo de Música Exploratória Portuguesa interpretar “Belzebu”, obra marcante da música feita no nosso país que os TELECTU editaram em 1983. O organismo não convencional que durante mais de duas décadas se distinguiu pela sua capacidade inata de trilhar caminhos altamente personalizados, nunca capitulou verdadeiramente. Nem mesmo quando Jorge Lima Barreto desapareceu em 2011. O ADN distintivo da dupla fundadora teve continuidade no trabalho que Rua levou a cabo em nome próprio, quer nos incontáveis discos que foi editando ao longo dos anos, quer através da sua constante acção cívica e educativa, que faz dele, ainda hoje, uma das vozes mais insurgentes e visionárias da nossa sociedade. Tudo o resto sobre os Telectu é História com a “H” grande.

> OUVIR “BELZEBU”
> OUVIR “OFF OFF”

16 OUTUBRO . 19H00 . IGREJA DA PENA

SEI MIGUEL TRIO

O primeiro disco de SEI MIGUEL foi editado em 1988. Hoje, volvidos 33 anos, contamos 15 álbuns na sua particular discografia, espalhados em editoras tão marcantes como a Ama Romanta, a AnAnAnA, e mais recentemente, a Cleen Feed. A “trompete de bolso” que Sei Miguel usa para tecer o seu jazz aparentemente de improviso sem o ser, dá o mote a uma sonoridade ziguezagueante, às vezes espasmódica, outras vezes suave e contemplativa. É assim a assinatura deste músico de renome nacional e internacional. O trio que se apresentará na Igreja da Pena completa-se com mais dois nomes de créditos firmados: Fala Mariam (trombone), colaboradora de longa data de Sei Miguel (mas também de Rafael Toral e Pop Dell’Arte), e Bruno Silva (guitarra), o leiriense que tem ganho notoriedade com os seus projectos Ondness e Serpente.

> OUVIR “O CARRO DE FOGO DE SEI MIGUEL”
> OUVIR “SALVATION MODES”

23 OUTUBRO . 19H00 . IGREJA DA MISERICÓRDIA

JOÃO VAIRINHOS

Na biografia de JOÃO VAIRINHOS podemos ler que cresceu como músico na cena punk-hardcore portuguesa e que em 2019 começou a produzir e a compor em nome próprio. O que a biografia, humildemente, não refere é que “Vénia”, o disco que Vairinhos editou em 2020, é um portento em toda a escala, musical, gráfica e esteticamente. Os três temas nele contidos (“Chegaram”, Vala Comum” e “Vénia”) constituem, por si, uma declaração de autonomia territorial feita de “paisagens sonoras pós-industriais com ambientes soturnos onde, por vezes, emergem ritmos nebulosos e melodias de tempestade”, como sublinha o Jornal de Leiria. Vairinhos, que também é colaborador de Murais, Löbo, Ricardo Remédio e Wildnorthe, vai apresentar-se no Ciclo de Música Exploratória Portuguesa, na Igreja da Misericórdia, em pleno coração da zona histórica de Leiria, em formato trio..

> OUVIR “VÉNIA”
> OUVIR “VÉNIA REMIXES”

30 OUTUBRO . 19H00 . MUSEU DE LEIRIA

LÖBO

Os LÖBO são uma alcateia esquiva. São criaturas nocturnas que raramente se deixam contemplar à luz do dia. Talvez seja por isso que a sonoridade deste quarteto tenha um ambiente tão misterioso, tão dolente, arrastado, porém, estranhamente belo e copiosamente sedutor. Há um conjunto de paradoxos nesta sonoridade que não é puro doom, que não é puro drone, que não é puro shoegaze, que não é puro black-metal, que não é, aliás, black-metal. Mas podia ser, e se fosse não havia problema. A FADE IN vai trazer os LÖBO ao CMEP porque ouviu “Älma” (a cassete que editaram em 2010) e se apaixonou pela sua sonoridade. Agora, 11 anos depois, o quarteto vai presentear-nos com material novo! E o que nos vão mostrar, afinal? Isso pouco importa quando sabemos que a nossa intuição quase nunca se engana.

> OUVIR “ÄLMA”
> OUVIR “NÖITE”

06 NOVEMBRO . 19H00 . TEATRO MIGUEL FRANCO

HHY & THE MACUMBAS

A música ímpar dos HHY & THE MACUMBAS é um autêntico pacto de exorcismo entre o poderio rítmico do seu arsenal percutivo e a esquizofrenia dos instrumentos de sopro que deambulam à sua volta, como se de uma dança de superação e de purga física e espiritual se tratasse. É neste ritual de chamamento ancestral que emerge uma aura sofisticada, nova o suficiente para que atraísse a atenção da britânica House Of Mythology (Current 93, Hypnopazüzu, Ulver) que se prontificou a editar “Beheaded Totem”, o segundo álbum deste colectivo sediado no Porto e onde pontificam músicos de indiscutível craveira. De resto, esta será uma performance que acontecerá num local de memoráveis concertos. E este, com toda a certeza, não vai ser excepção.

> OUVIR “BEHEADED TOTEM”
> OUVIR “CAMOUFLAGE VECTOR”

Em cada uma das datas do Ciclo de Música Exploratória Portuguesa vai estar presente um convidado que, nos dias seguintes, fará uma residência artística na qual materializará uma criação inspirada na experiência sonora vivida durante o respectivo concerto. Os trabalhos daí resultantes serão exibidos no final do Ciclo num local e datas a anunciar.